06 agosto, 2011

Tá esquentando!

As vitórias de Fernando Alonso na Inglaterra e Lewis Hamilton no GP da Alemanha serviram para esquentar um pouco a disputa pelo campeonato que andava meio fria por conta das vitórias sucessivas do líder Sebastian Vettel.
Ferrari e McLaren atingiram uma curva de evolução surpreendente e conseguiram igualar o desempenho das RBR em ritmo de corrida. Em classificação a equipe dos energéticos ainda continua imbatível e isso é um grande passo para quem quer conquistar a vitória. Mark Webber, o único a largar da posição de honra além de Vettel ainda não conseguiu transformar pole em vitória. Um claro indício de que não vive seu melhor momento na categoria.
Falando em não viver o melhor momento, quem também não vive seu melhor momento no ano é Vettel. Depois de começar de forma arrasadora, parece que o fôlego acabou. Claro que isso não significa que não pode voltar a qualquer momento e aquela superioridade do piloto alemão do começo da temporada pode voltar a existir. Não seria muito normal isso acontecer porque os adversários já reagiram e dificilmente vão regredir na metade final da temporada. Vettel já sabe que tem que administrar a enorme vantagem conquistada e caminhar tranquilamente em relação ao título. Se a diferença continuar como está, o alemão vence o campeonato com 3 corridas de antecedência.
A história da F1 mostra que ninguém até hoje perdeu um campeonato tendo vencido tantas corridas no início da temporada. Não acredito que isso vá acontecer agora em 2011. Mesmo com o mundo do esporte virado de cabeça para baixo nesses últimos anos.

Batata Assando

Nick Heidfeld, que assumiu o cockpit do polonês Robert Kubica, acidentado em um Rali na Itália no início do ano, está com sua vaga sob séria ameaça ainda na temporada atual. A decisão da Renault de utilizar o brasileiro Bruno Senna nos primeiros treinos livres do GP da Hungria mostra bem a condição do piloto alemão dentro da equipe.
Heidfeld foi contratado para substituir Kubica em uma decisão bastante óbvia e acertada na ocasião. É um piloto experiente, rápido e bom acertador de carros, mas não é um líder nato, como Robert, a Renault esperava esta liderança na condução da equipe durante a temporada. O que acabou não acontecendo e o alemão tem perdido espaço dentro do time.
Isso pode ser bom para Senna, que é o substituto natural da equipe, porém o chefe Eric Boullier, tem uma clara preferência por Romain Grosjean, que passou pela equipe em 2009, após a demissão de Nelsinho Piquet e foi muito mal. Agora mais experiente é a grande aposta da equipe para 2012, caso conquiste o título da GP2, que está muito bem encaminhado.
Bruno tem que trabalhar bem na pista para, se tudo der certo, conseguir uma vaga no grid da categoria em pelo menos uma corrida este ano. O GP Brasil seria ideal para isso. Mas o brasileiro precisa ir atrás de patrocínio se quiser fazer acontecer.
A pergunta que fica é: com Kubica voltando em 2012 e Romain Grosjean assumindo o outro cockpit da Renault. Para onde Vitaly Petrov iria? O russo tem feito um ótimo trabalho na atual temporada, tendo, inclusive, conquistado um pódio na primeira etapa do campeonato. Fora isso traz consigo um patrocínio consíderável. Algo que nenhuma equipe hoje está dispensando.

Pit Stop e Felipe Massa

Mais uma vez nos pit stops a Ferrari se deu mal e prejudicou Felipe Massa. Por essas e outras que acontecem desde 2008, ano que o brasileiro perdeu o título por culpa de quebras e falhas nos pits, alguns brasileiros acham que existe uma teoria da conspiração contra os pilotos do nosso país que passam pela equipe italiana.
Não é nada disso. Falhas acontecem e são normais. Claro que é irritante acontecerem mais para um do que para outro, mas é absolutamente normal. Inclusive os pit stops mais rápidos dos GP’s da Inglaterra e da Alemanha foram feitos no carro do brasileiro. Realizados em cerca de 3.1 segundos.
A ideia é que esses pit stops fiquem cada vez mais rápidos. No DTM (Stock Car alemã), já vi pit stops serem feitos em cerca de 1,5 segundo. Isso para trocar os 4 pneus. É um absurdo, mas é verdade. E até o fim da temporada a F1 deve chegar bem perto desse número.
Felipe não atravessa uma boa fase na carreira. Sem dúvida o acidente no GP da Hungria de 2009, quando uma mola do carro de Rubens Barrichello atingiu sua cabeça o deixou pelo menos meio segundo mais lento. Felipe não é mais aquele piloto de classificação, que conseguia voltas impressionantes e conquistou 15 poles entre os campeonatos de 2006 e 2008. Tem começado bem as corridas, mas o ritmo dele do meio para o final dos GP’s é algo impressionantemente ruim. Chega a ser 1 segundo mais lento que Fernando Alonso, seu companheiro de equipe. A única explicação que consigo ver é a desmotivação por não estar lutando pela vitória.
Tenho também uma suspeita, que não posso confirmar até porque a Ferrari nunca vai expor essa informação, mas eu já vi acontecer diversas vezes na categoria: talvez Felipe não tenha a mesma versão do carro que Alonso. Às vezes a equipe faz uma atualização no carro que é testada em apenas um e, se der certo, fica com o primeiro piloto do time, que é quem tem chances de disputar posições mais para a frente. Não é complô, simplesmente uma escolha da equipe. Se o brasileiro estivesse com mais condições de vencer, como aconteceu em 2008, as atualizações seriam dadas à ele. Mas a grande diferença de ritmo na classificação, cerca de 0.5 a 0.6 entre os pilotos da Ferrari, deve ser creditada à essa diferença na versão dos equipamentos utilizados entre os dois.

Sid Mosca

Na semana passada faleceu um artista do automobilismo. Sid Mosca, responsável pelas pinturas dos capacetes de Ayrton Senna, Nelson Piquet e Emerson Fittipaldi vinha lutando contra um câncer há alguns meses. Deixou um lindo legado, colorido e marcante.
Conheci Sid em 1999, quando fui convidado pela Petrobras para assistir a final da seletiva de kart. Em um dos passeios pela cidade, visitei o ateliê onde tive o prazer de ouvir muitas histórias, entrei no 1º F1 de Rubens Barrichello e segurei nas mãos capacetes originais de Ayrton Senna e Nelson Piquet.
Sou muito grato por ter conhecido uma lenda do automobilismo brasileiro. Meu sonho era ter um capacete pintado pelas mãos do Sid. Infelizmente não deu. Mas ter aqueles minutos na lembrança valem muito mais do que um capacete pintado.

Um grande abraço
Até a próxima

Coluna publicada no Jornal O Liberal no dia 31 de Julho de 2011

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