04 junho, 2011

Querem acabar com Hamilton?

As diversas punições aplicadas ao piloto de ponta mais agressivo que surgiu na F1 nos últimos anos podem mudar um estilo de pilotagem empolga os fãs da categoria.
Apesar do estilo de guiar do piloto inglês ser bastante agradável, parece que os dirigentes e diretores de prova estão sendo um pouco rigorosos quanto às punições contra ele. Em 6 etapas este ano, Hamilton já recebeu 5 punições, um número bem alto para os padrões da categoria.



O problema disso tudo é que quanto mais o piloto é punido, mais ele é visado pelos comissários desportivos das provas, mais ou menos como aquele jogador “cai-cai” no futebol, que quanto mais se joga simulando faltas, menos os árbitros apitam, imaginando que foi uma simulação.
Hamilton é um piloto agressivo que tenta ultrapassar sempre que vê uma janela aberta na sua frente. É um piloto ao estilo Nigel Mansell com mais talento. Daqueles que não pensa muito antes de tomar uma decisão para ganhar uma posição na pista. Muitas vezes passa do ponto e acaba errando, mas esse é um estilo que agrada àqueles que gostam de automobilismo puro. Das ultrapassagens e disputas de posição.
Tenho um certo receio que esse excesso de punições faça Lewis Hamilton repensar suas ações dentro da pista e assim, passarmos a ver um piloto morno, comum, que não traz emoção para as corridas. Já estou cansado de ver pilotos assim na F1. A categoria precisa de pilotos agressivos, que vão para cima com pouco espaço, que dão declarações polêmicas, que não goste de seus adversários. Hamilton é isso.



A declaração feita em tom de brincadeira dizendo que estava sendo perseguido pelos comissários “por ser negro” e em seguida chamar Felipe Massa e Pastor Maldonado de “burros”, foi sensacional. Obviamente que não pega bem para o “bom mocismo” empregado nos dias de hoje e também foi de certa forma mal educado. Mas declarações polêmicas estão em falta na F1 e no automobilismo em geral. Os pilotos estão cada vez mais parecidos com jogadores de futebol na hora de dar declarações, com respostas prontas e sem nenhuma profundidade.
É claro que não estou pedindo por falta de educação dos pilotos. Estou querendo um pouco mais de personalidade nas declarações. De manchetes nos sites e jornais. Precisamos de rivalidade nas pistas.



Por mais engraçado que pareça, hoje a maior rivalidade da F1 é entre Michael Schumacher e Rubens Barrichello. É nítido que o brasileiro não gosta do alemão, enquanto o europeu é um pouco indiferente quanto a Rubinho. Sempre que eles se encontram na pista algo de bom acontece. Uma ultrapassagem, um toque de rodas. É disso que a F1 precisa mais do que tudo.
A ultrapassagem de Barrichello sobre Schumacher no GP da Hungria do ano passado foi uma das manobras mais sensacionais da história da F1. E isso é consequência da rivalidade entre os dois, que são os pilotos mais velhos da categoria, vem de uma escola diferente.
O aumento das ultrapassagens com as novas regras deste ano pode provocar o início de algumas rivalidades ou até mesmo aumentar algumas que já existem e que estão adormecidas como Hamilton x Alonso. Na primeira vez que eles se encontrarem na pista, acredito que vai pegar fogo. Vettel e Webber no ano passado já se encontraram na Turquia e até hoje não se entendem muito bem.
Ainda faltam dois terços do campeonato pela frente. E eu acredito que as maiores emoções ainda estão por vir em 2011.

GP de Mônaco
O Grande Prêmio disputado na semana passada teve muito mais emoções que em muitas temporadas anteriores. O DRS (asa móvel) não foi tão importante para que as disputas fossem emocionantes, e sim a disparidade dos pneus. A falta de durabilidade dos pneus macios e super macios fez com que os pilotos adotassem várias estratégias diferentes.
No final da corrida, Vettel tinha uma parada, Alonso duas e Jenson Button vinha muito mais rápido que os dois, tendo feito três paradas. O acidente que envolveu Vitaly Petrov, Jaime Alguersuari e Lewis Hamilton a 6 voltas do fim, fez a direção de prova sancionar bandeira vermelha. Até aí todo mundo ficou feliz por ter sido uma decisão sensata que proporcionaria um final de prova emocionante, pois não seria em bandeira amarela.
Seria assim.
O artigo 41.4 do regulamento desportivo da categoria diz o seguinte:
“Enquanto a corrida está suspensa:
- Podem ser feitos trabalhos nos carros assim que eles pararem no grid ou entrarem nos boxes, mas nenhum desses consertos pode atrapalhar o reinício da corrida.”
É uma regra ridícula, que simplesmente pode acabar com uma disputa no final de uma corrida, exatamente como aconteceu em Monte Carlo na última semana.
Jenson Button vinha sendo 2 segundos por volta mais rápido que Vettel e 1 segundo mais rápido que Alonso. Os três pilotos vinham colados e seriam 6 voltas emocionantes, com a corrida totalmente em aberto. A autorização para mudar os pneus e mexer nos carros simplesmente brochou o mundo inteiro que esperava ver uma disputa sensacional pela primeira posição nas ruas de Mônaco. Algo que há tempos não acontecia.
A pressão para que esta regra seja mudada agora é enorme. Mas infelizmente nunca saberemos qual seria o desfecho real do GP de Mônaco de 2011.



Indy 500



Confesso que desde o GP Brasil de 2008, quando Felipe Massa disputou o título e o perdeu para Lewis Hamilton na última curva da última volta da última etapa do calendário, não sentia uma emoção tão grande ao assistir uma corrida pela TV.
O final das 500 milhas de Indianápolis, disputado também no domingo passado foi simplesmente sensacional.
500 milhas é assim: são 150 voltas poupando equipamento e as últimas 50 acelerando pra valer, torcendo para uma bandeira amarela ou economizando combustível. Tudo dependendo de qual for a estratégia da sua equipe para o finalzinho da prova.
Faltando 10 voltas para o final, a líder da prova era Danica Patrick, que vinha em uma corrida discreta, mas apareceu na liderança por conta da estratégia. Não teve combustível suficiente e teve que parar nos boxes.
A 5 voltas, Bertrand Baguette assumiu a liderança que ocupou por 3 voltas mas também teve que parar nos pits para reabastecer.
Faltando 2 voltas, JR Hildebrand assumiu a ponta da prova, com combustível suficiente no tanque para chegar ao final, sem ter que economizar e com uma distância confortável para o segundo colocado.
Venceu Dan Wheldon.
É incrível pensar que um piloto vai fazer 799 curvas durante uma corrida de 800, bater na última e simplesmente perder as 500 milhas de Indianápolis. Mas aconteceu.
Hildebrand, talvez desconcentrado por ser um estreante na corrida e com a vitória nas mãos, bateu na última curva da última volta e deu a vitória de presente para Dan Wheldon que vinha cerca de 3 segundos atrás.
Inacreditável. Mas aconteceu.
Na hora ficou a dúvida se ele teria vencido mesmo cruzando a linha de chegada com o carro destruído, mas logo pôde-se ver que Wheldon passou por ele antes de ser sinalizada a bandeira amarela, portanto o piloto que vinha em segundo lugar, foi aquele que venceu a corrida centenária sem ter liderado nem mesmo uma volta.
O automobilismo é assim. Para um vencer, outros tantos tem que perder. É um esporte emocionante que quem ama faz até o impossível para estar por perto.

Um grande abraço
Até a próxima.