09 abril, 2012

Surpresas latinas.

O último GP da Malásia mostrou que a F1 tem um lado latino muito forte. Em meio à frieza europeia, os pilotos de sangue quente tem se destacado. O pódio da última etapa realizada mostrou uma grande surpresa na F1. O mexicano Sergio Pérez entrou no grupo de futuros campeões mundiais, que conta também com o alemã Nico Hulkenberg e o escocês Paul di Resta. É interessante ver que no atual grid da categoria, não existem muitos pilotos com esta denominação. A maioria dos pilotos ou já foi campeão ou não rende muita expectativa para o futuro. Pérez, por muito pouco não colocou em seu currículo a primeira vitória na carreira. Com um ritmo consistente desde o início e a escolha certa dos pneus, apenas errou o momento da última troca, quando deveria ter entrado junto com Fernando Alonso ou uma volta antes. O fato de ter demorado uma volta a mais para fazer a troca, foi determinante para voltar muitos segundos atrás do espanhol. Depois do erro, o mexicano teve que descontar uma diferença de cerca de 7 segundos de desvantagem, que foi descontada. Chegou a ficar a menos de 1 segundo de distância do primeiro colocado, tanto que por 2 voltas teve a oportunidade de abrir a asa móvel na reta principal do circuito. Porém, Sergio pagou pela inexperiência. Enquanto Alonso não cometeu um erro sequer em uma corrida muito difícil pelas condições climáticas e pela visibilidade, que já estava bem baixa, devido ao horário local, o mexicano freou em cima da zebra ainda molhada e quase joga fora o pódio certo. Dos males, o menor. Pérez conseguiu frear a tempo antes de entrar na caixa de brita e acabar com a sua corrida. Em seu segundo ano na F1, Pérez conseguiu um belíssimo resultado para a equipe Sauber. Foi o melhor resultado do time, como Saubar. Vale lembrar que em 2007, Robert Kubica venceu o GP do Canadá, com Nick Heidfeld em segundo, mas naquela época, a equipe se chamava BMW Sauber. E possuía o nome suíço apenas para não perder a vaga no campeonato mundial. Após a saída de BMW o time voltou às mãos de Peter Sauber, devidamente nomeado. Voltando a Sergio Pérez, o “Checo”, como é chamado no meio do automobilismo, já tem contrato com a Ferrari. Ele participou do programa de jovens talentos do time e é o que tem, até agora, maior destaque. O desempenho na etapa malaia, fez aumentar os rumores de que o subistituto de Felipe Massa dentro da escuderia italiana já está escolhido e é apenas questão de tempo (e de contrato) para o mexicano sentar no carro vermelho. Coisa que já aconteceu no ano passado, quando foi convidado pela Ferrari a fazer um teste com um carro de 2009. Além de Pérez e Alonso, outro que se destacou na etapa da Malásia foi o brasileiro Bruno Senna. Após um toque com seu companheiro de equipe ainda na primeira volta da corrida, foi obrigado a entrar cedo para os boxes, caindo para a última colocação. Em uma surpreendente prova de recuperação e a bordo do decente carro que a equipe Williams produziu este ano, fechou a corrida com a sexta colocação, que lhe rendeu 8 pontos para o campeonato. Até então ele é o único piloto da equipe a ter pontuado. Pastor Maldonado, outro latino também se destacou na primeira etapa, quando estava na sexta posição, pressionando Alonso pelo quinto lugar quando errou e bateu na última volta da prova. Portanto podemos falar que praticamente todos os pilotos de “sangue quente” estão se destacando na temporada 2012 da F1. O único que ainda precisa mostrar alguma coisa continua sendo Felipe Massa.

Fritando

 Na gíria do automobilismo, o verbo “fritar” significa, literalmente queimar a imagem do piloto. O que quero dizer com isso? Acredito que o que a Ferrari está fazendo com Felipe Massa é justamente isso. Quando a equipe não quer mais um piloto, ela começa a fazê-lo andar mais lento que seu companheiro a um ponto que a situação fica insustentável tanto para a imagem da equipe quanto do piloto. Segundo pessoas que acompanham toda a temporada da F1, o fato de a Ferrari ter produzido um carro ruim para este ano, somado à proibição de testes durante o campeonato, faz com que a Ferrari faça de Massa um verdadeiro test-driver. O que acontece? Acontece que a equipe tem usado no carro do brasileiro, peças de teste. São peças produzidas e testadas apenas no túnel de vento, que quando colocadas no carro de verdade não produzem a melhora esperada. Resumindo, o carro de Alonso tem as peças que sabe-se que funcionam, enquanto o carro de Massa tem as peças que estão sendo testadas. Em alguns casos a falta de força aerodinâmica é tanta que visivelmente Felipe tem dificuldade de guiar o carro, enquanto Alonso trabalha com um equipamento mais neutro. O problema todo é que a Ferrari não coloca isso às claras. O que o público vê apenas é que o brasileiro tem sido cerca de 1 segundo mais lento que o companheiro de equipe, portanto a imagem do piloto está se desgastando cada vez mais e daqui a pouco a situação ficará insustentável dentro da equipe devido à pressão externa que a imprensa mundial, principalmente a italiana, está fazendo desde o ano passado. Não me surpreenderia se em 2013, Felipe vá para uma equipe menor e mostre um desempenho muito superior ao que vem desempenhando dentro fa Ferrari desde que Alonso se juntou à equipe. Mudar de ares pode fazer bem para o brasileiro, que recebeu um conselho de Rubens Barrichello: “Não é um problema de velocidade, é algo que ele tem que resolver consigo mesmo. Tem que lembrar que faz isso porque gosta. É um momento, e todo momento na Fórmula 1 é um ciclo de vida, todas as corridas são assim”. Pilotos são pilotos porque amam o que fazem. Amam a velocidade, amam cada curva, cada zebra, cada cheiro de borracha queimada. Pilotos são felizes quando estão sozinhos. Dentro de seus carros.

 Um grande abraço
 Até a próxima.

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